Centenário do Núcleo de Coimbra (1922-2022)
Em 1922 foi “estabelecida a Agência em Coimbra (primeira), que iniciou a sua atividade com o senhor capitão Augusto Casimiro.
Augusto Casimiro dos Santos nasceu em Amarante em 11 de maio de 1889; e era filho de Cândida Rita dos Santos Prego Mester.
Casou a 5 de Junho de 1911, com Judite Zuzarte Cortesão, irmã do médico
e historiador Jaime Cortesão, ficando a residir em São João do Campo.
Jaime Cortesão e Augusto Casimiro |
Tal como era costume naquele tempo, com a idade de dezasseis anos, no
dia 11 de agosto de 1905, assentou praça como voluntário no Regimento de
Infantaria n.º 23, sediado em Coimbra.
Pertenceu a esta unidade até ser promovido a Alferes, no dia 15 de novembro
de 1910, quando concluiu o curso de Infantaria da Escola do Exército.
Nos anos que se seguiram a ter assentado praça, gozando de licença para
estudos, pelo que frequentou
a Universidade de Coimbra. Enquanto estudante em Coimbra fez parte do Orfeão Académico.
Foi promovido a Tenente em 1 de dezembro de 1914 e a Capitão em 29 de setembro
de 1917.
Participou na Grande Guerra, colocado no BI 23, comandou a 3ª Companhia,
que segundo Jaime Cortesão, ele batizou de Quixote Company.
Alf Alberto Gusmão, Cap. Augusto Casimiro, Maj. Hélder Ribeiro, Cap. Eduardo Vieira, Cap. Jaime Cortesão (?) |
Jaime Cortesão, no seu livro Memórias da Grande Guerra, menciona-o
várias vezes, referindo-o como o poeta Augusto Casimiro.
Foi várias vezes condecorado com a Cruz de Guerra, Fourragère da Torre e Espada de França, Ordem de Cristo, Military Cross inglesa, Legião de Honra, Ordem de Avis.
Após o termo da Grande Guerra, lecionou no Colégio Militar, sendo de seguida integrado como adjunto na campanha que visava a delimitação da fronteira entre Angola e o então Congo Belga, trabalhando sob a direção do general Norton de Matos, então Alto Comissário da República em Angola.
Nesse período foi Governador
do Distrito do Congo e Secretário Provincial e Governador interino de Angola
(1923-1926).
Regressou a Portugal em consequência do Golpe de 28 de maio de
1926.
Ligado à oposição da ditadura,
teve envolvimento na chamada Revolta da Madeira (1931), sendo sido
demitido do Exército e deportado para Cabo Verde.
Enquanto permaneceu em Cabo Verde passou a conhecer de forma mais personalizada a literatura cabo-verdiana, que pôde descrever e valorizar como uma nova realidade.
Permitiu
assim perceber melhor como, na dialética contraditória e dolorosa da
colonização e da luta anticolonial. Em 1930 afastou-se da Ditadura, por saber
que estava comprometido o seu sonho civilizador em África e por aspirar a uma
República democrática.
Comprometeu
a carreira, sofreu a prisão e o desterro, mas não transigiu.
Foi reintegrado em 1937, após o que passou à reserva.
Manteve a oposição ao Estado Novo, tendo integrado o apoio à candidatura presidencial
de Norton de Matos.
Depois da demissão do Exército, Augusto Casimiro passa a viver da parca pensão de reforma e dos rendimentos que obtinha como jornalista e escritor.
Foi autor de poesia, ficção e textos de
intervenção. Foi colaborador da revista Águia e cofundador (1921), dirigente e redator (1961 a
1967) da revista Seara Nova,
principal órgão de comunicação que se oponha ao regime de Salazar e
ao Estado Novo
Nos últimos vinte anos de vida ficou mais preso à política e à escrita,
sofrendo ainda a perseguição da justiça militar e do aparelho repressivo do
Estado Novo.
Participou em 11 de novembro
de 1950, numa sessão para assinalar o armistício da I Guerra Mundial,
sendo um dos oradores convidados da sessão que se realizou no Centro Republicano António José
de Almeida, juntamente com Mário Soares,
o general Ferreira
Martins, Maria
Helena Mântua e Alves Redol.
Em 1958 foi um dos apoiantes da candidatura de Arlindo Vicente à presidência da República, sendo membro da comissão central da respetiva candidatura.
Fez parte também da tertúlia que reunia na pastelaria Veneza, em Lisboa, nos finais da década de 50 e inícios dos anos 60, onde se juntavam habitualmente e Ferreira de Castro, Julião Quintinha, Roberto Nobre, Luís da Câmara Reys, Mário Domingues, entre outros.
Privou com Teixeira
de Pascoaes (seu conterrâneo), Jaime Cortesão (seu cunhado), Raul Brandão e Raúl
Proença, entre outros.
Augusto Casimiro faleceu a 23 de setembro de 1967, em Lisboa.
O seu corpo foi depositado
no talhão da Liga dos Combatentes no cemitério do Alto de São João.
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